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Quatro passos para o Brasil ser 4.0

29/05/2018


Para impulsionar a modernização do setor, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) lançou, em março, a Agenda Brasileira para a Indústria 4.0, em conjunto com o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). "O investimento em inovação é fundamental para uma indústria forte. A quarta revolução industrial está batendo à nossa porta e não podemos perder o trem da história”, defende o presidente da ABDI, Guto Ferreira.

O setor é responsável por gerar os melhores empregos e contribuiu, em 2016, com 21,8% da arrecadação de impostos federais. O parque industrial brasileiro é complexo e muito diversificado, fabricando desde produtos básicos a produtos intensivos em tecnologia como os do setor aeronáutico. Mas a chegada da quarta revolução industrial está exigindo uma transformação de processos, produtos e de modelos de negócio. A Agenda Brasileira para a Indústria 4.0 destaca dez medidas para inserir o país nessa revolução. Destaca-se, a seguir, quatro passos necessárias para o avanço da indústria brasileira.

DISSEMINAR O CONCEITO - O primeiro passo é a difusão do conceito 4.0 para as pequenas, médias e grandes indústrias. Uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) identificou que 57% das empresas menores desconhecem a tecnologia da manufatura avançada (ou indústria 4.0). Nas maiores, não é muito diferente: 32% delas não utilizam esse tipo de tecnologia. Cerca de 50% das empresas brasileiras adotam tecnologias digitais em sua produção, com destaque para o setor de equipamentos de informática e eletrônicos. No entanto, elas ainda devem se empenhar para adotar tecnologias essenciais para a integração de robôs e sistemas. A 4.0 foi iniciada pela Alemanha em 2013, a partir de um projeto de governo voltado para novas estratégias que aliam tecnologia e meios de produção.

PERSEGUIR A INOVAÇÃO – Perseguir constantemente a inovação é o próximo passo. Segundo o presidente da ABDI, existem alguns caminhos para a introdução de tecnologia. "A integração entre indústrias e startups é um dos caminhos que tem se mostrado mais eficientes para encontrar soluções inovadoras nas fábricas. O programa Conexão Startup Indústria, da ABDI, por exemplo, apresentou resultados excelentes”, pontuou. Dez das maiores indústrias nacionais conseguiram resolver problemas de logística e rotinas internas com ajuda de startups. A próxima fase do programa, "Startups Indústria 4.0”, pretende focar no desenvolvimento de soluções rumo à quarta revolução industrial. Serão selecionadas 100 startups e 50 indústrias com investimento previsto de R$ 30 milhões.

PREPARAR MÃO-DE-OBRA – Será preciso preparar mão-de-obra qualificada para operar essas novas fábricas. Do ponto de vista conceitual, conforme é definido pelo World Economic Forum (WEF), a próxima revolução industrial está em curso a partir da fusão de tecnologias que emergiram recentemente. Fazem parte desta mudança novos materiais, robótica avançada, impressões 3D, big data, computação em nuvem, inteligência artificial, novos materiais e novos processos. "Será necessário estruturar uma forte agenda presente e futura de mapeamento de competências, entendimento das demandas de mercado, requalificação de trabalhadores e preparação das novas gerações para o mundo 4.0”, explica Guto Ferreira. Na Agenda Brasil 4.0 está prevista a qualificação de professores e profissionais do mercado. A ideia é implantar 100 laboratórios voltados a tecnologias da quarta revolução industrial na rede de educação profissional e tecnológica.

BUSCAR FINANCIAMENTO – Instituições financeiras públicas e privadas, entendendo a importância do desenvolvimento de projetos tecnológicos e de inovação na indústria nacional, oferecem linhas de crédito especiais para a modernização das plantas produtivas, produção de máquinas ou sistemas. "A expectativa é atuar na superação dos desafios da indústria, apoiando a inovação nas empresas brasileiras tendo como foco a adoção de tecnologias habilitadoras da Indústria 4.0”. A iniciativa envolve atualmente Finep, BNDES e BASA, cujas linhas de crédito, com perfis distintos, somam cerca de R$ 9,1 bilhões.

A implantação a reformulação do parque fabril brasileiro, com base em conceitos 4.0, pode gerar uma economia de R$73 bilhões por ano. A maioria do montante, R$ 34 bilhões, viria do ganho de eficiência das indústrias. Outros R$ 31 bilhões seriam resultado de redução de custos com manutenção de máquinas. Os equipamentos mais eficientes energeticamente garantiriam os R$ 7 bilhões restantes.

(ABDI - 25/05/2018)