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Receita cai, mas gasto com inovação não

26/10/2016


Apesar de registrarem uma queda de 11,8% na receita total, as mil companhias que mais investem em pesquisa e desenvolvimento (P&D) no mundo mantiveram os patamares de gastos em novos produtos e serviços em 2016. Os desembolsos dessas empresas com P&D somaram US$ 679,8 bilhões. Os dados constam de pesquisa anual da Strategy&, consultoria da PwC.

A receita de seis entre nove setores analisados diminuiu este ano, especialmente nas áreas de química e petróleo e telecomunicações. Segundo Eduardo Fusaro, sócio da Strategy&, como os investimentos foram mantidos, a intensidade dos gastos com P&D está em seu maior patamar histórico, de 4,2%, visto pela última vez em 2005.


Entre as empresas que mais investiram em inovação no mundo, a Volkswagen puxa a lista com US$ 13,2 bilhões. Samsung, Amazon e Alphabet (Google) ficam nas posições seguintes. A Apple aparece em 18º lugar, com gastos de US$ 8,1 bilhões. Apesar disso, na pesquisa qualitativa, que considera a opinião de líderes empresariais, a Apple mantém a primeira posição como a empresa mais inovadora do mundo.

O Brasil perdeu três representantes na lista das mil empresas que mais investem em P&D em 2016. Agora conta apenas com Petrobras, Vale e Embraer. Deixaram o ranking Totvs, Weg e Natura. Entre as empresas que permaneceram, a Embraer ganhou algumas posições, mas Petrobras e Vale ficaram em colocações mais baixas.

As três empresas brasileiras presentes no ranking aplicaram US$ 1,29 milhão em P&D em 2016, contra R$ 1,43 milhão em 2015, correspondente à queda de 9,4%. Na comparação anual as receitas dessas companhias recuaram 3%, para US$ 130,5 milhões. "A combinação da desvalorização do real ante o dólar e da recessão econômica em 2015 afetou de forma muito negativa os resultados das empresas brasileiras", diz Fusaro.

Softwares e serviços estão impulsionando os investimentos globais neste ano. Os recursos destinados a eles chegam a 58% do total e devem alcançar 68% em cinco anos, segundo o levantamento da Strategy&, que também publica anualmente, em parceria com o Valor, o ranking das empresas mais inovadoras do Brasil.

Os equipamentos físicos (hardware) representavam metade dos investimentos em P&D em 2010, mas a relação caiu para 42% em 2015 e tende a recuar mais 10 pontos percentuais até 2020.

O setor de software e internet receberam o mais forte aumento de aportes, com alta de 15,4% na comparação com 2015. A alocação no setor de saúde subiu 3,6% e, em consumo, 0,7%. "Os dois primeiros setores se beneficiam de novas tecnologias e têm muito a caminhar até alcançar a maturidade, o que justifica os investimentos. Em consumo, a alta acompanha a inflação e é justificada pela necessidade de renovar as linhas levadas às prateleiras", afirma Fusaro.

A indústria de computação e eletrônicos abocanhou a maior parte dos investimentos em P&D em 2016, com fatia de 24%, seguida pelos setores de saúde (22,1%), automotivo (15,4%) e software e internet (12,9%). Em 2018 a indústria de software deve tomar a liderança, aponta o estudo.

Pela primeira vez a América do Norte elevou o número de empresas na lista, de 348 para 381. A Europa caiu de 244 para 233 e o Japão, de 181 para 165. Já a China viu o número de companhias presentes no ranking subir de 123 para 130.

Os investimentos em P&D na América do Norte subiram 8% no ano, para US$ 297 bilhões. A maior alta ocorreu na China, de 19%, para US$ 47 bilhões. Os gastos em inovação na Europa recuaram 9%, para US$ 182 bilhões, e no Japão caíram 8%, para US$ 101 bilhões.

(Valor Econômico - 25/10/2016)