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Em reunião na Abinee, ABDI avalia Programa CI Brasil

07/08/2014


A ABDI realizou na quinta-feira (07), no Auditório da Abinee, em São Paulo, reunião de avaliação das estratégias de negócios das empresas de projetos de circuitos integrados do Programa CI Brasil, criado em 2005, sob coordenação da Secretaria de Política de Informática (SEPIN), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O programa visa apoiar a criação, instalação e atração para o país, de empresas que atuam no desenvolvimento de projetos de circuitos integrados: as Design Houses (DHs).

Na abertura do evento, que contou com a participação do diretor da Abinee, Irineu Gouvêa, representando o presidente da entidade, Humberto Barbato, a presidente interina da ABDI, Maria Luísa Leal, destacou os esforços do governo no sentido de desenvolver a indústria de microeletrônica e de semicondutores, que constam como prioridade nos planos de governo, como a PITCE, PDP e Plano Brasil Maior, e envolve os mais diversos orgãos governamentais e ministérios. "A tendência por tecnologia cresce cada vez mais, o que aumenta a necessidade de estimular este segmento, onde se concentra o conhecimento e inteligência dos produtos”, disse. Segundo ela, com o aumento do consumo de produtos tecnológicos e por conta da dependência externa de insumos, o atual déficit da balança comercial do setor eletroeletrônico pode se agravar ainda mais. Maria Luísa afirmou que o trabalho com as Design Houses visa o fortalecimento do ecossistema tecnológico no país.

Presente na reunião, o coordenador geral da Política de Informática e Microeletrônica do MCTI, Henrique Miguel, abordou as oportunidades que surgem com base na aplicação tecnológica, como o Smart Grid, a Internet das Coisas entre outras. "Caso o Brasil não avance no desenvolvimento da área de microeletrônica, a tendencia é de que as importações de semicondutores caiam, aumentando, por sua vez, as importações de produtos finais”, salientou. Ele afirmou que o programa CI-Brasil tem trabalhado no sentido de desenvolver este setor, mas ainda há muito o que fazer.

Eric Fabris, do Programa CI Brasil, destacou o papel dos agentes de governo, órgãos de fomento e sociedade na busca pela criação de um arcabouço para a área de semincondutores. "Este segmento é um dos pilares para o caminho da inovação. Estamos na direção certa, mas esta é uma iniciativa de longo prazo”, acrescentou.

Avaliação e recomendações

Durante a reunião, a consultora da área de estudos da Softex, Virgínia Duarte, traçou um panorama da área de microeletronica e semicondutores no mundo, apontou as oportunidades e modelos que devem servir de orientação e visam aproveitar as tendências advindas pelo big data, redes sociais e computação em nuvem entre outros.

Sobre a indústria brasileira de semicondutores, Virgínia apontou que os resultados locais ainda incipientes. "O ecossistema é fragmentado e direcionado para o mercado interno. Falta fôlego para prospectar oportunidades fora.”

Para impulsionar esta área, ela recomenda alterações no arcabouço legal. Na Lei de Informática, Virgínia apontou a necessidade de mudanças que contribuam para o apoio a elos diversos da cadeia de valor e que a lei seja uma política baseada em resultados, com incentivos proporcionais aos esforços de interesse, sem obrigações quanto a percentuais a serem investidos em P&D, parceiros elegíveis e regiões. Ela propôs, também, o fim da obrigatoriedade de apresentar projeto prévio ao governo para obtenção de incentivos fiscais.

Outro ponto diz respeito ao Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores (Padis), que deve incluir as Fabless como beneficiárias, promover o incentivo fiscal e subsídios diretos. Para ampliar o seu alcance, o programa deve incluir, ainda, outros atores envolvidos no ciclo de vida do componente e empresas com fins lucrativos como parceiras de P&D das beneficiadas.

Segundo a consultora, o Brasil prescinde de uma política de incentivo à demanda. "A revitalização das cadeias produtivas locais poderia se constituir em uma boa oportunidade para a amarração necessária entre fornecedores e ofertantes”. Neste sentido, ela propôs a criação de uma Lei única e abrangente para o setor de Economia da Informação (TIC / complexo eletrônico), com visão sistêmica e voltada para o fortalecimento da cadeia de valor da Economia da Informação (TICs + complexo eletrônico) e para a sua inserção em cadeias produtivas selecionadas.

Sobre o Programa CI-Brasil, Virgínia afirmou que a iniciativa deve ser transformada tanto no que diz respeito à escala e orientação estratégica como no que se refere ao escopo, estrutura, governança e gestão.

O evento realizado na Abinee contou com a participação do especialista em projetos da ABDI, Ricardo Gonzaga Martins de Araújo e do gerente do departamento de tecnologia da Abinee, Fabián Yaksic.

Fonte: Abinee - 08/08/2014