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A pandemia do covid-19 com suas diferentes consequências para a dinâmica econômica deixou exposta a necessidade de fortalecimento da cadeia produtiva nacional para evitar dependência drástica de importação. A mais evidente foi no caso dos equipamentos da área saúde, mas não se restringe a esse setor, a indústria eletrônica também sofreu muito - segundo a Abinee, 68% das empresas de eletroeletrônico projetam queda da produção no ano.

No cenário de crise sanitária e econômica, torna-se mais visível a necessidade de ter uma cadeia de fornecedores no país fortalecida, capaz de atender à demanda de produção nacional. Entretanto, cabe um alerta para o direcionamento e profundidade desse debate: a discussão deve ser mais estratégica, sem se limitar à necessidade de as empresas produzirem e montarem no país. Uma indústria local forte e perene depende de constantes e rotineiros investimentos em inovação.

O progresso tecnológico, no mundo, tem se acelerado. O conhecimento é cada vez menos codificável. Diante desse cenário, o intercâmbio de experiências se apresenta como essencial ao desenvolvimento da indústria nacional e ao fortalecimento das cadeias produtivas do país.

É imperativo que empresas trabalhem em parceria com seus fornecedores e usuários, provocando inovações, alinhando desafios tecnológicos e gerando conhecimento. Não é raro, organizações empresariais se trancarem em suas tecnologias internas e deixarem de ver como outros conhecimentos poderiam somar às suas estratégias inovadoras.

Outra relação que se faz fundamental à indústria é a integração com centros de pesquisa de alta competência tecnológica, infraestrutura de ponta, gestão eficiente de processos e de risco. Nesse contexto, a Embrapii tem um papel essencial para apoiar o setor produtivo nas suas atividades de inovação.

A instituição já fomentou cerca de mil projetos de empresas com centros de pesquisa credenciados (Unidades EMBRAPII), com recursos não reembolsáveis. Cerca de uma centena deles são cooperativos, envolvendo a participação de mais de uma empresa em cada projeto. Há grandes organizações em parceira com startups, empresas pertencentes à mesma cadeia produtiva e até concorrentes.

Para a saída da crise, pós-covid, a inovação será mais essencial do que nunca. O fomento à PD&I tem que ser ágil, flexível, sem burocracia e com gestão eficiente. Projetos cooperados entre diferentes firmas e as unidades Embrapii levam à redução de risco, de custo das empresas e ao fortalecimento das relações na cadeia produtiva. Assim, a Embrapii se apresenta como uma instituição capaz de alavancar esforços inovativos.

Como coordenadora do programa prioritário de Internet das Coisas (IoT) e Manufatura 4.0, a Embrapii pode contribuir com as empresas associadas à Abinee e fortalecer a cadeia do setor. Há, inclusive, um mecanismo de apoio específico para projetos cooperativos, com recursos não reembolsáveis, podendo chegar em até 50% do valor do projeto.

Apostando em inovação e unindo esforços de empresas e centros de pesquisas, temos todos os elementos necessários para contornar a crise e retomar o crescimento, incentivando a construção de uma indústria mais sólida, menos dependente e mais competitiva.

Por José Luis Gordon
Diretor de Planejamento e Gestão da Embrapii
Julho 2020