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Fórum Econômico Mundial apresenta as sete
tendências tecnológicas de 2018

18/01/2018


Esta semana a maior feira de tecnologia do mundo, a Consumers Eletronic Show (CES), que ocorre em Las Vegas (USA) e encerra nesta sexta-feira, apresentou os principais lançamentos do setor, como uma televisão gigante de três metros de largura e um abridor de vinho que não tira a rolha das garrafas, além de robôs de cachorro e gato. De carona no evento, o Fórum Econômico Mundial listou as sete tendências tecnológicas que vão dominar 2018 e revolucionar a vida de muita gente pelo mundo. Confira quais são elas:

1. O avanço do blockchain

O blockchain é uma espécie de protocolo da confiança que visa a descentralização como medida de segurança. Bases de registros e dados são distribuídos e compartilhados para poder avançar um nível de complexidade criando um índice global para toda e qualquer movimentação que ocorrem em um determinado mercado. É um livro público e universal alterado somente com consenso de todos os "atores” desse determinado mercado.

Foi originalmente adaptado como base das transações da moeda virtual bitcoin, mas deve escrever a história tecnológica da próxima década, sendo desenvolvido para uso em: serviços bancários (pagamentos, troca de moedas e transações internacionais, inclusive remessas), serviços financeiros (plataformas para empréstimos, carteiras digitais, pagamentos peer-to-peer, gestão de ativos e seguros de todos os tipos); plataformas para crowdfunding; segurança, certificações e credenciais; aplicações governamentais, como votos e referendos, cidades inteligentes e acesso a serviços eletrônicos do governo; descentralização dos mercados, como a evolução da economia colaborativa; na internet das coisas (IoT); no armazenamento de dados, como descentralização de serviços na nuvem, registro de imóveis e outras propriedades; e em plataformas de consumo de conteúdo.

2. Carros elétricos finalmente se converterão em uma alternativa viável

Há dez anos a empresa Tesla revolucionou a indústria automotiva com o primeiro carro totalmente elétrico, movido a baterias de íon de lítio, que atingia mais de 320 km com uma única carga, o Tesla Roadster. Depois de um difícil lançamento no mercado, não parou de aumentar sua gama de carros elétricos e conseguiu produzir modelos bem sucedidos, como o Tesla Model S – o carro plug-in elétrico mais vendido em todo o mundo em 2015 e 2016 – e o modelo Tesla X. Embora os carros fabricados pela Tesla possivelmente sejam os melhores veículos do tipo atualmente, seu alto preço os deixou fora do alcance do consumidor médio.

Este ano, no entanto, começa com uma grande onda de vendas de automóveis do tipo que podem caber nos bolsos mais vazios, como o Chevrolet Bolt (que quebrou seu recorde de vendas nos EUA em dezembro passado), o Tesla Model 3 (considerado o sedã "econômico” da marca) e o Nissan Leaf (cuja primeira edição foi o veículo elétrico mais vendido até esta semana). Estes três carros custam, lá fora, entre US$ 29 mil (R$ 95 mil) e US$ 36 mil (117 mil), o que confirma uma redução substancial nos preços em comparação com os primeiros modelos.

Outro fator que impulsionará fortemente a demanda por carros elétricos é que as potências mundiais como a China, o Reino Unido, a Alemanha e a França já divulgaram seus planos para proibir a venda de carros que funcionam com gasolina e diesel nas próximas décadas.

3. Serão realizados os primeiros ensaios clínicos da tecnologia CRISPR-Cas9 em humanos

A revolucionária tecnologia CRISPR-Cas9 permite que o genoma de qualquer célula seja modificado de forma muito precisa. Isso se tornou uma ferramenta poderosa com possibilidades quase ilimitadas para tratar e curar doenças, particularmente as hereditárias que possuem poucas opções de tratamento, como o câncer. Quase cinco anos se passaram desde a primeira vez que os cientistas usaram CRISPR-Cas9 para editar células humanas vivas. Em 2018, as empresas de biotecnologia, como CRISPR Therapeutics e Vertex Pharmaceuticals, estarão entre as primeiras a realizar ensaios clínicos baseados na tecnologia em pacientes humanos.

Apesar do rápido crescimento do CRISPR-Cas9 nos últimos anos, permanecem muitos obstáculos. Um estudo publicado no início deste ano revelou que a maioria dos seres humanos poderia ter anticorpos que combatem os dois tipos mais importantes de proteína Cas9, que é o pilar da tecnologia CRISPR-Cas9. Além disso, a crescente controvérsia ética e social sobre a publicação genética complica ainda mais o processo de regulamentação.

4. Governos tentarão legislar as redes sociais

A publicidade on-line, especialmente a dirigida a pessoas para fins políticos e a polarização da opinião pública, não gosta dos políticos, que até recentemente falavam dos benefícios das redes sociais e da democratização da mídia. Mas diferentes grupos de legisladores mudaram de opinião devido à criação de bolhas de opinião, bem como devido a exploração de falsas notícias por políticos, agentes desestabilizadores e empresas de propaganda política.

A União Européia procura banir ou limitar o microdirecionamento de anúncios políticos, a França prepara sua "lei anti-Fake News” e todos os dias há mais chamadas para bloquear o Twitter dos líderes mundiais, a começar por Donald Trump, presidente dos EUA. São ações que antecipam um 2018 de movimentos regulatórios e de censura para as redes sociais.

5. A inteligência artificial será incorporada à vida diária

A ficção científica desempenhou um papel fundamental para mostra o que a inteligência artificial (AI) poderia ser, nos últimos anos. No entanto, 2018 será um ótimo ano de aplicabilidade dessa tecnologia, uma vez que os algoritmos de aprendizado de máquinas estão melhorando e os investidores estão apostando com convicção na AI. Ela já é um investimento tecnológico prioritário para grandes empresas, que desejam combinar a tecnologia com suas políticas de implementação de mudanças e redução de custos.

As áreas de expansão da AI incluem reconhecimento de fala, detecção facial, reconhecimento de emoção, uso de linguagem natural, criação de conteúdo, integração com sistemas de aprendizado automático, aprendizado sem supervisão e processamento de computação de ponta.

O setor de saúde foi o que arrecadou mais dinheiro e realizou mais operações de AI em 2017, em aplicativos em áreas como administração e monitoramento de estilo de vida, assistentes virtuais, imagens médicas e diagnósticos, entre outros.

6. Cibersegurança

A segurança cibernética será novamente um tema importante em 2018. Entre as boas notícias está a implementação do Regulamento Geral de Proteção de Dados da União Européia, que visa retornar aos cidadãos o controle sobre seus dados pessoais e simplificar a regulamentação naquela região. Por outro lado, veremos o foco na integridade da proteção de dados, uma evolução necessária após a violação contínua da confidencialidade por empresas e hackers – e logicamente, haverá mais violações a bancos de dados, sistemas com informações sensíveis e blockchains.

Será o primeiro ano em que a maioria dos ataques serão feitos com estruturas relacionadas à inteligência artificial (AI): uso de chatbots para enviar spam, phishing ou fraude. Embora a AI possa ser usada para defender os novos sistemas digitais, é provável que, em termos absolutos, o cibercrime aproveite melhor essas novas tecnologias, pois suas conseqüências mais radicais podem ameaçar a vida das pessoas ou colapsar recursos tecnológicos.

Em 2018, a ameaça virá não apenas de formas nunca antes vistas, mas exigirá que usuários e organizações tenham um nível de precaução ao qual não estamos acostumados – e para o qual a preparação pode ser difícil.

7. A chegada da rede 5G

A terceira geração (3G) de telefonia móvel apareceu em 2001 e marcou uma divisão das telecomunicações, pois foi a primeira a oferecer velocidades de transmissão de dados de até 2 Mbps, mais do que suficiente para suportar chamadas de vídeo de alta definição. Em 2009, começou a implantação da quarta geração (4G), que é até dez vezes mais rápida que a 3G. E, embora a rede móvel 4G já tenha sido utilizada em mais de 188 países, em apenas 11% deles é a rede mais utilizada. Na verdade, apenas 1 das 4 conexões móveis no mundo estão na rede mais rápida do 4G, a 4G-LTE.

A quinta geração (5G) de telefonia móvel será a sucessora do 4G-LTE e alguns países com maior adoção do LTE já planejam subistui-lo. Em 2018m, a multinacional de telecomunicações AT&T espera se tornar a primeira empresa dos EUA a apresentar o serviço de rede móvel 5G para uma dúzia de cidades nos EUA. Por outro lado, a Coréia do Sul planeja implementar um teste piloto da rede móvel 5G durante os Jogos Olímpicos de Inverno de 2018, em Pyeongchang. Além disso, pretende implementar uma rede móvel 5G comercial até o final de 2019.

A rede móvel 5G pode ser até cem vezes mais rápida que a 4G-LTE, com uma velocidade entre 1 e 10 Gbps (a esta velocidade, um programa de TV é baixado em 3 segundos ou menos) e capacidade para suportar até 1 bilhão de conexões.

Embora a rede 5G comece, com antecedência, a ser implantada durante este ano, ainda há um longo caminho a percorrer. Nos países em desenvolvimento, como o Brasil, a adoção de 4G ainda é muito baixa – apenas 20% das conexões são 4G – então ainda há vários anos para ver a proliferação da rede 5G. 

(Fonte: O Globo - 12/01/2018)