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Finep anuncia programa para financiar
pesquisas de empresas com ICTs

28/08/2017


A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) anunciou, no dia 21 de agosto, em Brasília (DF), o programa Finep Conecta. A iniciativa garantirá recursos para empresas que dediquem, no mínimo, 15% dos valores dos seus projetos para a contratação de pesquisas com os institutos de ciência e tecnologia (ICTs) e as universidades. Ao todo, serão disponibilizados R$ 500 milhões para 2017.

"É um projeto que vai aumentar a aproximação entre empresas e o mundo científico”, destacou o presidente da Finep, Marcos Cintra, durante a abertura do Encontro Finep para Inovação - Região Centro-Oeste, realizado na sede do Conselho Nacional de Desenvolvimento Tecnológico (CNPq).

O financiamento ocorrerá por meio da disponibilização de uma nova linha de crédito, que prevê mecanismos como taxas de juros menores e prazos e carências mais longos, podendo chegar ao empréstimo de 100% dos recursos necessário ao desenvolvimento do projeto, a depender do grau de inovação inerente à proposta. As contratações poderão ser iniciadas até o fim do mês, após a formalização do projeto.

Marcos Cintra argumentou que essa é uma forma de contornar as restrições orçamentárias que têm atingido o setor, que hoje trabalha com cerca de 20% do orçamento que tinha há seis anos. Segundo o economista, trata-se de uma forma de transferir recursos do setor produtivo para universidades e ICTs.

"Nós não temos recursos para apoiar, a fundo perdido, laboratórios públicos e universidades, mas nós temos bastante dinheiro disponível para apoiar empresas que queiram levantar recursos para fazer investimentos. Então, o objetivo do Finep Conecta é o de transferir parte desses recursos sobrantes para irrigar o sistema de pesquisa universitário, que hoje está sofrendo muito com a falta de recursos”, explicou.

De acordo com Cintra, o segundo objetivo do projeto é "estimular, estreitar e aprofundar o relacionamento coparticipativo entre empresas e agências de pesquisa”, o que ele avalia ser uma deficiência do modelo brasileiro, baseado no grande dispêndio de recursos por parte do setor público, com pouco investimento do setor privado no desenvolvimento de inovações. Questionado sobre os riscos da definição dos projetos a partir de demandas do setor privado levar à redução da autonomia universitária, ele defendeu que "cada vez mais, essa diferenciação entre empresa e universidade está se diluindo”.

"Vai haver, realmente, um incremento da parcela das atividades das universidades que atendem a demandas empresariais, mas esse é um resultado, digamos, indesejado, da política pública que o governo está praticando hoje, que é de forte contingenciamento de gastos. Nós estamos tentando amenizar esse impacto”, disse Cintra.

Segundo ele, apesar desse aumento, as instituições de ensino e pesquisa seguirão tendo condições de fazer pesquisa, "na medida dos seus próprios interesses”. Por outro lado, o conhecimento produzido nessas instituições poderá ser incorporado pelas empresas.

(Agência Abipti - 22/08/2017)